Sumario: | Este artigo se baseia em um tipo de sociabilidade específica de centros urbanos, constituída por interações fugazes e conversas entrecortadas. Partindo da interação rotineira do pesquisador com funcionários de balcões de padaria, buscase compreender a trajetória de um balconista que já foi gerente e dono do próprio negócio. A análise se articula a partir de um aparente paradoxo: o fato de que ele elabora uma narrativa de sucesso e mesmo de ascensão social, e não de mobilidade “negativa”. Proponho que a chave para compreendêlo está tanto nas relações de trabalho encontradas ali - uma lógica de hierarquização envolvendo uma elite, novatos e aqueles que deixaram o cargo - quanto na própria dinâmica de conversas do balcão, que, mais que simples contexto de onde informações são obtidas, impõe-se como objeto de problematização.
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